Escreverei uma última carta
No meu quarto, iluminado
Pelo calor da cera
Pela solidão das chamas.
Saberei eu escrever?
E escrevo sem saber
Sem conhecer a minha escrita.
Avaliado pelo agrado dos leitores.
Sendo o açúcar amargo
Que chora pela morte
E deseja-a,
Escreverei um último poema.
À luz das velas
Olhando para o meu quadro
Esquecendo o lume, os medos e a carta
Morrerei neste dia.
Preso no espelho junto a mim
Direi adeus ao meu eu
Por descontentamento, enfim
Direi Adeus, pois chegou o meu fim!
Pedro Carregal