I- Negro!
Oh! Negro, raça tão forte e imponente,
Despreza a língua vil, essa chibata,
Bem como o olhar da face tão ingrata,
Do preconceito açoite indiferente.
A tua raça, tem a força nata,
É lutadora, e sempre foi valente,
Não como essa ignorada e fraca gente,
Que o sangue de “Fünrer” os arrebata.
Ontem: aços, grilhões, e a dor imensa,
Hoje: a mácula impura da aversão,
Em gestos de racismos e de ofensa.
Vós que ostentais tão dura condição,
Atentai-vos para a grande sentença:
-Somos de um só Deus, mesma criação-.
II- GINGA.
Ao som de berimbau e de atabaque,
Na imensa e dura roda dessa vida,
Brilha a sombra da Raça destemida,
E um traquejo de ginga põe destaque.
E de cada mandinga sai um baque,
Como um impulso de força desferida,
Num lampejar de graça reluzida,
Num rabo-de-arraia, mortal, ataque.
-“Paranauê, Paranauê, Paraná”-;
Canta a tribo de Zulu e yorubá,
Viva a capoeira regional, ou de Angola.
Mostrai ó negro, o golpe que degola,
De Zumbi, a destreza que não falha,
O aço tão forte a fúria da navalha.
E.A.S. ED SILVA SP – 20-11-2010