Poemas : 

Estaca

 
Pulseira perfurante descai
arrombo do súbito no denso
separa, rasga, desune, parte.
Estia o ventre, irriga o pão
das visceras flamejantes e remexidas
mão cravejada de adagas esferudas
quando lábios de metal sobrepujaram
as cartas do Mestre, perfídia do plano.

O desarranjo foi máscara da mente
o biltre é um lápis do xadrez
escritor de lápide drapeada de mapas
insolutos no seu enrugado esgar,
não se empedreite a cornija
sem dar o carvão à lareira do actor.

Ó urbe sem freio, rastilho de insanidade
és a faca que recorta e chacina
quando o maremoto do inferno eclode
pelas avenidas de orquídeas em avenças
de magnólias outonais.

Eleva-te ao cume
asa-barbatana e despranta-te à porfia
do açúcar polvilhado no azul.

O juiz que te deu poço
é rapaz, não douto de pranchas
que as cores emprestam à íris.

O cruel é espinho, o prego
um carimbo do misso com
pelo uno a escadar, às alv-luz…
a terra é ocre e escura.

Poema escrito em resposta a um poema com o mesmo título do poeta que neste site se denomina Azke.
 
Autor
MargaridaRibeiro
 
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