Crescem mendigos nas ruas
Por um pão
E por uma sopa de nada.
Partem o pão em dois
Metade para dividir
Por três mendigos
Com a outra metade do pão
E mais quatro pedras de calçada
Fazem uma sopa de nada.
Cinco mendigos bebem o caldo
E para contornarem enredos
Batem à vez
Com uma pedra nos dedos.
A metade do pão
Para dividir por seis mendigos
Caiu no chão
E o cão lambeu os beiços.
Sete mendigos ficaram com fome
Em mais uma semana passada
Com catorze mãos estendidas
À espera de nada.
Crescem mendigos nas ruas
Como ervas daninhas
E crescem aos molhos
Das arcadas
Dos papelões
Dos vãos de escadas
Crescem mendigos como repolhos.
Crescem mendigos nas ruas
Por um pão
E por uma sopa de nada.
Viver é sair para a rua de manhã, aprender a amar e à noite voltar para casa.