Sentei-me na cadeira de baloiço, onde gosto de meditar, erguer o pensamento e nas asas da coerência voar…observei o espaço onde me movo entre palavras, rostos e avatares.
Tudo que contemplo é um espaço amplo por onde todos e tudo têm lugar.
As boas novas e novas tão antigas como o tempo, a iniquidade viaja pelos menos trilhos que a claridade e quantas vezes vestida da mesma cor.
Já recebi punhais de mãos sem nada e gestos de louvor de avatares de grande emoção, confiar e entregar num rosto oculto tudo que somos na forma de “sermos”.
Fiz um regresso ao passado…antes de tudo, e nada disto era possível nem sequer imaginário na ilusão de cada poeta ou amante da escrita…
Mas este é o mero instrumento, aquele que me ensina me comove e me faz partilhar as palavras que de mim se soltam. Saber que uma palavra dá emoção e vida a um outro olhar!
O motivo da divagação é mesmo esta ferramenta que se toca com a sensível ponta dos dedos, ou com as raízes da perversidade que existe e todos sabemos que sim. Pensar que é só na casa ao lado que caí o telhado é o mais crasso erro da humanidade!
Nesta viajem de baloiço oscilam os pensamentos e descubro que somos instrumentos vulneráveis, como que um clic de sedução e corremos de passo certeiro ao encontro do abismo. Deambulei mais um pouco e uma explosão de sensações acordou a minha mente…
Bem mas como o dever também me chama, lá fui eu para a cozinha preparar o jantar. Hoje a ementa é carne assada e foi necessário cortar em fatias bem finas, para este fim fui buscar a faca bem afiada ao fundo da gaveta…e pois! Dei por mim a olhar para a faca na minha mão e uma voz gritava no meu silêncio: Esta faca é bem afiada corta a carne na perfeição…mas e se eu a usar para…
Ana Coelho
Os meus sonhos nunca dormem, sossegam somente por vagas horas quando as nuvens se encostam ao vento.
Os meus pensamentos são acasos que me chegam em relâmpagos, caem no papel em obediência à mente...