Poemas : 

Música para seres poema

 
Lídima face púrpura, não colorada, escarlate, ou vermelho tingido…
Meio respiro encarnado que emenda o corpo de nada infringido.
Sopra de liamba teus olhos ventres de colmo dormidos…
Meus pés em sangue, teus braços abraços, teus livros escondidos…
Explodes doce, sem fel ou veladas ternuras que sabem meu nome no fumo…
És margem livre de quem não tenha alguém para amar.
Rujo o teu queixo e mordo-te a língua urtiga-do-mar…
Que pica e fica fundo, tão fundo, tão mundo, constantemente inconstante, zodíaco, estrela, amante, orgasmo de júbilo dolente que ejacula a olhar…
Que há promessas de música para seres poema…para seres pairar.
Então cá vou em trauteio rouco, louco pela esquina do verso pelo beco reverso pela rua batuta e marco…
Há no céu louva-a-deus e pétalas tão pintadas de sangue que o sol sinfónico fica afónico quando brilhas nos olhos.
Não te consigo dizer, declamar, cantar todas a florestas sombrias onde cortei Aquiles, o tendão onde erguia o peito aos faunos que em zomba me tinham no contrário de ti…
Por isso, ceguei, roubei despi-me no meio da avenida prostituta e ri… ri… ri-me!!!
Rima tresloucada em tombo, no lombo…que não sabia da tua mão em carícia.
Hoje há música para seres poema…
Sei… toca dentro de mim, toca na chuva, um toque de luva, veluda, impoluta…
Sacra melopeia de fé que me duvido se há orquestras no inferno.
Agora vamos, ao colo do colo, de mão na mão, grafitar paredes, correr trapézios sem redes, lamber a salina dos corpos suados na praia, gritar pelos bairros, mandar parar todos os autocarros e carros e comboios, aviões, ferry-boats,
os “camones” da Rua Augusta, as peças do S.Carlos, os concertos do coliseu…
Gritar-lhes que o beijo, descobriu o desejo debaixo do céu.
Lídima face púrpura, não colorada, escarlate, ou vermelho tingido…
Meio respiro encarnado que emenda o corpo de nada infringido.
Sopra de liamba teus olhos ventres de colmo dormidos…
Meus pés em sangue, teus braços abraços, teus livros escondidos…
Eram romances que estavam escritos sem estar traduzidos.

 
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lapis-lazuli
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/11/2010 01:52  Atualizado: 19/11/2010 01:52
 Re: Música para seres poema
Hoje há música para seres poema…


Meus pés em sangue, teus braços abraços, teus livros escondidos…
Eram romances que estavam escritos sem estar traduzidos.

Belíssimo, belas imagens que fazes,dá pra visulizar e sentir.

Beijos.


Enviado por Tópico
AnaCoelho
Publicado: 19/11/2010 06:40  Atualizado: 19/11/2010 06:40
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Mensagens: 11255
 Re: Música para seres poema
Sublime escrita envolta de mistérios e realidades traduzidos por grande criatividade poética.

Beijos

Enviado por Tópico
MargaridaRibeiro
Publicado: 19/11/2010 20:33  Atualizado: 19/11/2010 20:33
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 Re: Música para seres poema
Não sei se há orquestras no inferno, mas o prazer de ser uma quase melodia tem a assinatura do Olimpo, onde Afrodite e Baco dançam um tango.



Tinha saudades de te ler...vim dos escombros do waf.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/11/2010 21:37  Atualizado: 19/11/2010 21:37
 Re: Música para seres poema
Inspiração...criatividade...sensibilidade...

Parabéns, vc possui!

bjos...

Enviado por Tópico
MarisaSoveral
Publicado: 19/11/2010 23:51  Atualizado: 19/11/2010 23:51
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 Re: Música para seres poema
Não tenho palavras, estou rendida à tua eloquência!...
Beijos,
Marisa