Comendo o pó do tempo
da ampulheta quebrada
sobre o tapete de chegada,
esconde-se a angústia
nas rugas da desilusão
de não ter amado
o quanto deveria,
de não ter vivido
o quanto deveria,
de não ter sentido
o quanto deveria,
de não ter perdoado
o quanto deveria,
de não ter se apaixonado
o quanto deveria,
de não ter se arriscado
o quanto deveria,
de não ter clamado
o quanto deveria,
de não ter tido
a humanidade latente
em sua essência
ao menos uma vez.
Comendo o pó do tempo,
torna-se a própria areia
do esquecimento.
Imagem: A Face Oculta, de Beatriz Peixoto.http://beatrizpeixotoartes.blogspot.com
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