Magoada...Ferida
Estou magoada...muito magoada...tão ferida...tão perdida...tudo e nada...entre o que sou e o que não quero...entre o sonho e a vida...o que sinto...conheço-me e desconheço-me...apenas uma passagem entre o céu e a terra...o nada que me escapa entre os dedos...olhos fechados ao horizonte...cativeiro de mim...alma esvaziada do que fui...do que sou...do que doeu...do que dói...apenas o vazio me acompanha...sentidos dispersos...ausentes...entrego-me à noite...sem alento...alma errante...vesti o silêncio...despojei-me de mim...já nada sinto.
Tão magoada...tão ferida...tão sem vida...sem chão...sem esperança...sem amanhã...sem mim...escuro túnel onde caminho sem chegar...tão vazio o abismo que percorro...tão negro.
Estou magoada...muito magoada...tão ferida...as palavras são noite sombria...punhal dilacerando o nada que me veste a alma...dos meus olhos caiem gotas de solidão...pedaços de vazio...das minhas mãos frias escorre o cansaço...preso na garganta um grito...tão profundo...queimando o peito...esta dor sem tempo.
Neste entardecer esperei o amor o carinho...mas na minha pele apenas este clamor eterno...no meu corpo o frio...vestida de nada...envolta em nada...louca...triste louca...quero envolver-me em mim...esquecer-ME.
Do outro lado de mim...jaz meu corpo tão ferido
Gota a gota...o tempo passa...tão negro e frio
No silêncio dos meu passos...o abismo percorrido
Quero rasgar-me em mil pedaços...esquecer o vazio
Sou a pedra do caminho...sou mulher...amordaçada
Sou fim de Outono...no meu corpo o silêncio de um grito
Sou a noite perdida...a fria dor da madrugada
Vesti o silêncio...despojei-me de mim...nada sinto
Vesti meu corpo de carinho...perdi-me de mim vazia
Vesti meus olhos de pranto...pintei-os de solidão
Vesti minhas mãos de silêncio...envolvi-as em nostalgia
Vesti meu peito de Outono...de espinhos meu coração
No fundo da noite...breu intenso...eterno
No fundo do tempo...uma solidão sem fim
No fundo de mim...o vazio do Inferno
Na recordação...o que sobrou de mim
RosaSolidão