Quis hoje escrever sobre amor mesmo com o coração vertendo sangue da ausência e da falta, mesmo com as mãos rasgadas pelo fogo da noite que nunca passa, mesmo com os olhos curvados sobre este chão de renúncias, mesmo com os dedos doridos de quem escreve à pressa.
Quis hoje escrever sobre o mais belo sentimento e não consigo escrever nada de jeito, sai sempre este aglomerado de descrições alucinadas escrito com o coração atulhado de verdade, sai sempre este nunca escrito com os olhos cobertos de lágrimas, sai sempre este nada e então pouso a caneta sobre coisa nenhuma e imagino como seria se conseguisse escrever o amor.
Quis escrever sobre o amor mas não encontro palavras que cheguem para o descrever, nem encontro palavras para chorar as mãos que não entrelaçam as tuas, nem encontro lágrimas que cheguem para perder a saudade que me ocupa os sentidos.
Pouso a caneta mais uma vez e aceno a cabeça em sinal de negação, encosto-me na cadeira e penso no amor, a tua imagem vem-me logo à cabeça.
. façam de conta que eu não estive cá .