Viver é sair para a rua de manhã, aprender a amar e à noite voltar para casa.
O vento dissipa o fumo.
A custo, emerge no meio da arena
Desfiando o destino, sem prumo
Fita o fantasma uma branca açucena.
No escuro a barca navega sem rumo.
E um país à deriva, acena.
Soa o piano desafinado.
Demente, o licoroso veneno seco
Paladar que amarga, um negro fado
À folha virada na ponta do dedo.
Bate a vara nas tábuas do estrado.
É do jornal ilusionista, o degredo.
Entoam coros em despedida.
Uivam lobos, alva lua que não escuta
O estranho chamado da noite perdida
Enquanto a matilha devora a puta.
Violada fica, a puta desta vida.
E o filósofo, maneja a batuta.