Os arreios dos anseios
nos põe presos
no fazem cativos
como o rio das margens
nos botam num ciclo de vícios
como a água
das nuvens ao mar
tudo nos afivela
nos aperta a garganta
cães mansos
o desemprego, o desassossego
e agora a água do planeta
que quer secar
esse medo é um enredo premeditado
uma forma de domínio
de controle
Esse peso que nos colocam na canga
é sacana é medonho
é um antisonho
pesadelo repetido
pra nos deixar passivos
diante dos céus
dos tronos
dos reis e seus domos
as doenças do sexo os filhos no mundo
tudo é ameaça para o controle central...
Mas na noite
sacaneamos a lógica
as estatísticas
que nos colocam no risco das doenças
e transamos e amamos e nos arrebentamos de paixão e tesão
numa orgia global
o sexo nos faz guerreiros de novo
nos renova
só isso nos arrisca
e nos faz atirar no precipício
com o risco das águas terem se desertificado
abaixo
o resto é esses mandantes podres
e seus avisos
seus risos frouxos
seus discursos confusos
suas leis para enquadrar a moral
as relações
as separações
disseminar o medo
escrever nossos enredos
como se fôssemos personagens de um filme antigo
ou se fôssemos pedras cheias de musgos
Mas o medo que nos tinge
em suas cores roxas
nos atinge e aflige
mas acendem também a revolta
reacendem os instintos
por isso eles temem a juventude
em seus sentimentos de mudança
proíbem suas novas danças
seus requebros
sua pichações e ereções
e o ímpeto do sexo e das paixões
pois é isso o que nos move no mundo
sexo e juventude
é o que nos faz guerreiros
e mutantes
Por isso uns têm a fibra do aço
e outros são só galinhas de terreiro
pássaros tosados
tem asas mas não voam
Meus escritossão verdades inventadas, fatos adulterados, fingimentos diversos; tentativas de pintar um quadro, fazer um canção, escrever um livro.