O homem carrega dentro de si um livro,
Alguns com páginas jamais editadas...
Alegrias derramadas, sofrimentos contidos,
O homem carrega dentro de si o seu próprio livro.
Entre verdades e fantasias,
Seu habitado mundo
Pode ser seu próprio sepulcro.
Homem, bicho que pensa.
Escreve, arquiteta seu destino;
Feito para amar e mata;
Feito para beijar; maltrata.
O homem, arquitetura de Deus;
Obra feita com graça;
Órfão ruim, largado na desgraça.
Homem, tradução imperfeita
Do seu absoluto e reticente ser
É de si cruel e capataz.
Condenado está de si mesmo;
Sentencia-se por pura opção:
A ser feliz ou viver em vão.
Escreve tantas vezes,
Com letras invisíveis, histórias negras.
Em sua secreta alma habita o anjo
Do bem ou do mal
E com ele bebe fel, destila veneno
E perde a própria essência...
Mas há também o homem,
Aquele raro homem,
Que ao seu anjo atende,
Desfaz-se em amor
E vive contra qualquer sorte
Na guerra de vencer
O seu anjo da morte.
(Ednar Andrade).