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INTERLÚDIO

 
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INTERLÚDIO
 

(Poema para meu filho)

Inesperadamente,
o Titanic encontra à frente um icebergue.
Em descontrole,
já não irá manter-se à superfície.

Um belo, terrível dia,
a arma do bandido está no rosto,
o câncer em metástase no fígado:
és tu..

A sensação do astronauta -
a nave ingovernável no infinito:
és tu.

Irremediavelmente, um dia
- espada de Dâmocles, solta –
um bloco de velho edifício
cairá sobre a cabeça do transeunte.

És tu como seria qualquer outro
no espaço-tempo crucial.
O pedestre atropelado.
O alvo da bala perdida.
O nome na lista terrível
de passageiros do vôo fatal.

Mas, não te furtes ao dever que temos
de acreditar em nós mesmos,
de traçar nosso destino.

É tudo efêmero, tudo,
exceto a Vida. Que a Vida
expande-se a eflúvios de amor, eternos
da Grande Consciência
a que chamamos – Deus.

Como a criança que toma a avezinha ferida
e, após reanimá-la, lhe devolve o vôo,
alguém há de surgir
e é o que fará contigo.

Não há - diz minúscula estrela
no zênite a pulsar, furtiva,
a esteira intérmina do Nada,
o abismo da noite infinda.

Como não há calabouços
de pedras intransponíveis,
aos raros homens despertos
que se sabem livres.


Sergio de Sersank
Visitem meu blog literário "Estado de Espírito"
http://sersank.blogspot.com

(Do livro de Sersank "Estado de Espírito")


(Direitos autorais registrados e protegidos por lei)
 
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Sergio de Sersank
 
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