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Um Doce Momento

 

Recordo-me agora a um dia de distancia,
O momento e o local onde te vislumbrei,
Sentado no terceiro lugar do expresso
Em direcção à terra prometida, Peniche.

O silêncio fazia parte da tua
Existência e eu, pequena
Molécula em constante evolução
Transpus-te para o real.

Perturbei ofuscamente o teu espaço,
Sentando-me ao teu lado,
Como uma criança revoltada
À espera de um ombro amigo.

A viagem tomou o seu rumo
Com uma paragem por aqui,
Outra por ali e a nossa volta
O silêncio foi-se sentindo.

O tempo como o compasso
De uma valsa foi avançando
E ao fechares os apontamentos
De Histologia que lias sem entusiasmo

Encostei a minha cabeça no teu ombro,
Como cavalheiro que és nada disses-te
E eu continuei recebendo o teu calor,
Doce e reconfortante, até estar saciada.

Levantei levemente a cabeça
E pouco depois o autocarro
Tinha chegado ao seu destino,
Sai apressadamente.


Olhei em volta e tu não estavas,
Estava só, pela primeira vez desamparada,
Segui o meu caminho,
Avançando pouco a pouco.

Derrepente subjugada por uma força celestial
Interrompi o meu percurso,
Apercebi-me que vinhas no meu enlace
E esperei por ti.

Contornamos as ruas da cidade
Tal namorados no começo de uma aventura,
Despedimo-nos com um sorriso
Indo cada um para o seu conforto.


 
Autor
Cristiana Cunha
 
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