Do que fui feito?
De um bocado de amor,
De um cheiro de flor,
De um parto de dor,
De um berço de calor.
De que foi feito?
De um passado de arado,
De um rochedo de Penedo,
De um beijo perdido,
De um queijo fundido.
De que será feito?
De um sonho de um Quixote
De um arvoredo de um bosque
De um canto gregoriano de um monge
De um chamado de alguém ao longe.
De que seria feito?
De um mundo sem compaixão
De um fundo sem armação
De um surdo sem afeição
De um mudo sem contemplação
Ora, se de que fui feito,
Inda que bem feito,
Discuto o que de fato,
foi perfeito?
Ora, se de que foi feito,
Inda do tijolo,
Discute o quanto de barro,
foi fornado?
Ora, se de que será feito,
Inda do destino,
Discute o quanto de desatino
será tomado?
Ora, se de que seria feito,
Inda do espírito,
Discute o quanto de físico
seria eterno?
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em novembro de 2010.