Olhou-me por cima do copo enquanto bebia
Repetidas vezes
Como quem bebe ondas enquanto olha o horizonte
E o bom era que sua bebida também espumava.
Espuma branca
E o melhor ainda, eu sou horizonte.
A desculpa para a aproximação foi um cigarro
que eu nem fumei direito
Não sei tragar cigarro
Trago perfumes
O teu que embebeda
E depois beijo
E depois os beijos
E depois aos beijos subimos uma escada estreita que dava para um quarto vermelho com uma cama alta e uma luz que nos deixou muito estranhos. De todo modo, nos amamos. Estranhos mesmo.
Estranhos que éramos, estranhos que a luz nos tornara.
Agora éramos bebida, espuma, vermelhidão de quarto e luz, horizonte, cigarro e perfumes em uma coisa só.
Até hoje horizonte é.
Raule de Sousa
Iguatu/Ceará/Brasil
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