No dia em que nascemos…
Pequeno corpo nu… frágil.
Respiramos, enfim, o ar – choro.
Sentimos, pela primeira vez… a brisa fria acariciando-nos.
O Primeiro aroma do Amor – mãe – ou dor.
O primeiro sabor de vida… do que nos amamenta.
A primeira ausência… do aconchego da prima casa – útero morno.
Os raios de sol que nos trazem aconchego… e nos saúda por nossa chegada.
A textura dos tecidos do algodão… independente do nosso berço.
As notas musicais… entoadas pelas vozes a nossa volta.
As cores… embora as primárias sejam-nos as mais presentes…
Para os nossos olhinhos que quase nada enxergam.
Mesmo já enxergando demasiado com o coração.
A primeira dor física… de barriga, de ouvido… de existência.
A dor da alma… talvez a dor do pressentimento.
A sensação maravilhosa do primeiro beijo terno… verdadeiro.
O primeiro amor… o único incondicional – pelo menos o deveria ser – mãe.
É permitido?...
- Posso, sr. Mundo, ser amado incondicionalmente por minha mãe?
- Preciso com ela estar...
Silêncio…
As árvores que dançam a nossa volta… o canto dos pássaros.
Escutar… escutar… maravilhoso.
Nem sempre “melodiasa gradáveis” aos nossos pequeninos ouvidos.
Nem sempre as palavras que precisávamos ouvir – desespero.
Sentimos a nossa presença no mundo – Existimos.
E iniciamos o processo de mortandade também neste dia.
Nascer… morrer… a cada dia, um pouco.
Somar-se ao mundo e subtrair-se sempre.
Sempre.
Karla Mello
Novembro/2010
karla.melo66@hotmail.com"Nao tenho ambições nem desejos. Ser poeta nao e uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho." (Fernando Pessoa)