È o meu tempo que magoa as palavras,
Simétricas e incandescentes
Quando eu, imóvel e ácido
Sou labareda inquieta na chuva viva.
Rumorosos turbilhões de veneno,
Que requebram nas noites bravias
Socos de silêncio sem sono.
Quisessem jazer a sorrir
Aquelas almas violadas,
Nem contrição ou penitência pesariam
Na boca dos ímpios.
Tantas florestas queimadas á passagem do verbo,
A noite de repente expande-se em espelho
Para conjugar todos os instintos da palavra.
Então a felicidade são lilases sonolentos,
Dispostos num charco de amoras,
Aguados num corgo sereno
Que beija silvestres e sublimes expressões delicadas.
Consagro a tua quietude num olhar recente
A sangrar um sintagma expresso em carícia,
Gesto verbal que acontece em amor
Onde fundimos os espíritos quânticos,
Ao redor de uma semibreve sinfonia de sentidos.
A carne em nós é uma força inexacta
Onde desconstruimos o cinismo da posse
Na anatomia em dádiva dos nossos corpos magnéticos.
É um anátema vociferado por deus,
Referir ao verbo, o armistício das almas,
Quando o sustenido do falso e do sacro,
Nos esbofeteia com um acanhado decoro
Para num soluço matar o vocábulo.
Adormeci o tempo em desastre,
Não pronuncio o altar onde ferem as palavras,
Erigimos a consumação do afecto
Na comunhão etérea do verbo e do corpo,
Quando assim sem ódio, sem medo,
Somos complemento directo do tempo e da vida.