Adensa-se o céu,
na contemplação dourada dos plátanos,
que vencidos pelo cansaço e no desejo de noite,
se vergam ao pasmo das nuvens desfeitas.
É nesse infinito de sombras,
que se inebriam as folhas,
regressando ao pó, em círculos e voltas
e a ele se rendem em dádiva,
num sopro asfixiado de vida,
alento e alimento,
no esperado rigor da geada.
Por isso, e no adil do inverno,
sorri de esperança, a raiz cravada na terra,
porque quente é a seiva dormente
e isso, sendo um pouco de nada,
é tudo o que tem o tronco despido,
para se manter erguido,
acreditando,
que voltará a ser primavera.