Vida
Estaleiro de sonhos
Fábrica de passados
Onde vão se apertando absurdos
Com chave inglesa
Escudos de metal pesado escodem
Os pulmões obtusos
Por cigarros
Entre as paragens do meu corpo
Demoram quaisquer certezas
E a cerveja que se bebe, sem gosto,
É hesitante
O futuro que se espera sem remédio... Hesitante
E toda a mecânica das pernas
Caminhantes sós, e só
Pela metade
Porque triste mesmo é este canteiro de obras
É claro, inacabadas
Onde se cobra trabalho inútil
Onde se arrasta uma alma-jato
Bem maior
Do que sua fuselagem.