Sonetos : 

SITIADO

 




Durante anos e anos danei-me com a vida,
Fui maldito proscrito nesta terra de ninguém,
Testei-me ao máximo sem ter volta nem ida,
Não me preocupando se viria a ser alguém.

Abri as portas da percepção e por lá fiquei,
Desmistificando o imposto à nossa nascença,
E, de cada vez mais fundo, foi que notei,
Que não era meu ser dos outros a crença.

Assim, caminhando, descobri novas heranças,
Libertei amarras do meu ser mais ortodoxo,
Já convicto de mim doutras e de novas alianças.

Seguro que estava então, por minha assunção,
Formou-se em mim o mais estranho paradoxo,
Como dizer que não a quem me roubou o coração.

Jorge Humberto
24/08/07





 
Autor
jorgehumberto
 
Texto
Data
Leituras
708
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
1 pontos
1
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 26/08/2007 16:26  Atualizado: 26/08/2007 16:26
 Re: SITIADO
O jorge é um dos poetas que mais admiro aqui. Digo isto com sinceridade, sempre tocado pela "fria suavidade" com que escreve.
Como se, muitas vezes fizesse a purga da alma, do desalento, em versos.
A beleza das suas palavras, dos seus sonetos, é portanto feita de si.
O amargo não vive sem o doce, esse é o encanto da sua escrita.
Grato
José