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INCERTEZAS ESPERTAS DA VISÃO

 
Tags:  pensamento    emoção    pensar    sentir  
 
OBS: O texto me veio algo assim, inteiro, de uma forma um tanto inusitada e achei interessante postar.


Gê Muniz

INCERTEZAS ESPERTAS DA VISÃO

O que te orienta é o cordial deleite do refute...
Não há furor de paz na quintessência
De tua arquitetada essência embasada e planejada,
De tua meticulosa e encimada altitude...

Nenhuma complacência ao amor, ao ódio, à dor,
À carência... Só o temor destemido da inocência, da indecência,
Do tudo a ter de convencer em tua lépida mente
Da sensação, para ti, confusa, desta tal indolência
Que toma formas nebulosas num teu céu plúmbeo nubente

Convence-te a clarividência do ambicionado esplendor?
Não vigora, nesta cedente incumbência, um bem-dado chute?
És um bicudo flanando no espaço sem teres um bico de beijador...

Por que não te soldas na intenção visceral da prosa
E moldas-te, sem glosa, nesta imensa e enigmática rosa,
No rubro matiz do tema humano que é ser a ti mesmo,
Nas reverberações serenas das emoções que tu ensejas,
Mas que, vendo, não percebes, conquanto bem prevejas?

As palavras, de servil ponderação exata
Saem presas, circunspectas, anêmicas...
Endêmica, feneces na arguta ponderação sistêmica
Do sim e do não... A regrada certeza negra da dúvida acesa
Nas incertezas espertas da visão de interposta clareza...

O que é a reflexão mais do que refutar um erro
Que bem pode ser, do sentimento, justo o elemento
Poderoso do centro furioso de todo o cerne de tua desrazão,
Advindo do óbvio fim em consenso ao claudicante e trôpego começo?

Vai, desimpede-te...
Desenterra-te do enterro do jazigo beneplácito
Desenrola-te, tácito, sem calma desse novelo estático do consenso
Enredado pelos supostos engates apáticos do teu intelecto apto

Vejas, sem fitares os reflexos no espelho da razão
De que pode haver no não pensar um pleno e integral sentido
Que na própria retidão da razão
Há, ao mesmo tempo, a semente d’um flagelo, um lapidar descuido...

Um equívoco lógico imenso pode revestir-se
Do acerto pleno da emoção, em sua insidiosa e eterna finitude,
Em seu essencial sentido rude de nutrir-se
Do que a vida, com a devoção do estares aqui, te permite...

E aí, só então aí, serás inteiramente capaz
De versares, pelos grotões do ar, as grandes e imensas verdades,
Mesmo quando mentires nos poemas entoados por tua alma, ora infeliz...
 
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GeMuniz
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Enviado por Tópico
Ledalge
Publicado: 08/11/2010 19:36  Atualizado: 08/11/2010 19:36
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Usuário desde: 24/07/2007
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Mensagens: 6868
 Re: INCERTEZAS ESPERTAS DA VISÃO
Acho que muitos aqui usarão a carapuça, inclusive eu. Poema pra pensar e repensar.

Gostei muito

Abraço


Enviado por Tópico
Avozita
Publicado: 08/11/2010 19:43  Atualizado: 08/11/2010 19:43
Colaborador
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Mensagens: 4549
 Re: INCERTEZAS ESPERTAS DA VISÃO
Li, reli e vou continuar a reflectir.
Um poema que nos pôe a pensar de tanta
verdade que trata e retrata.

Gostei imenso Gê, uma optima construção
poética.
Beijinhos
Antonieta


Enviado por Tópico
carolcarolina
Publicado: 09/11/2010 15:00  Atualizado: 09/11/2010 15:00
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Usuário desde: 24/01/2010
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Mensagens: 9299
 Re: INCERTEZAS ESPERTAS DA VISÃO
Amigo Poeta
Gê!

Hoje o poeta se superou com tantas palavras que não sei o que seja. Os meninos esbugalharam os olhos, ou seja, nada sabem ou não sabem nada.
Olha eu não minto no que escrevo, creio que até por esta razão não escrevo digamos bons poemas.
Falo de coisas simples, e do que entendo não gosto de inventar muito para escrever.
Nunca irei versar pelos grotões do ar.
Serei só uma escritora de versinhos.
Quem sabe agora eu mesma puxe minhas orelhas depois de ler o seu poema.
Profundo poema!
Bjo no coração
♫Carol


Enviado por Tópico
Transversal
Publicado: 25/06/2017 06:19  Atualizado: 25/06/2017 06:19
Membro de honra
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Localidade: Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755
 Re: INCERTEZAS ESPERTAS DA VISÃO
estás a ver Poeta Maior Gê?
olha o que tu escreveste:
"Vai, desimpede-te...
Desenterra-te do enterro do jazigo beneplácito
Desenrola-te, tácito, sem calma desse novelo estático do consenso
Enredado pelos supostos engates apáticos do teu intelecto apto"

disseste tudo.
Está na altura do teu regresso.

Muito obrigado

Grande abraço