Ai Saudade obscura
Que me abandonaste
E perdura
A eternidade em contraste.
Com o tempo em que me deixaste
Morrendo de amor e de saudade.
Saudade do que não tenho
Saudade do que perdi
Uma vida escura e terrível
Uma vida que apenas esqueci
Uma vida que desejei
Mas que nunca a possuí
Ai Saudade obscura
Que luto me deslumbra
O fim da lembrança
De Amor que me deixaste
Naquela lua emprestada
Ao sol que é prisioneiro da saudade.
Saudade da morte
Que nunca conheci
Morrendo permaneço
Esperando alguém que amei
Saudades dela e saudades minhas
Afastado do mundo vivo
Corpo de alegria, alma de luto
Desejo que Deus me deu
De escrever e de sofrer.
Foi apenas sua vontade
Morrer por todos
E choro por ele.
Choro a escrever e choro a desejar
Que algum dia a saudade me possa matar.
Pedro Carregal