Força que eu não tenho, que há muito perdi. Não sei porquê, a muitos nunca menti. Tempo que passa e que não o sinto passar. Tudo o que vejo não me faz sentido. Vida que me leva em areia de ondas.
Porto sem abrigo, não te quero que te escondas. Ajuda-me a ganhar força para escrever como nunca escrevi. Largar a escrita como um dom. Vencer o fogo que me molha e que me deixa fresco.
O cinzento do céu sem nuvens me espanta. Àgua escapando da guerra por mim vivida. Terra que não existe e não quero que me guarde. Cidade de ouro por meu sofrimento. Algo que perdi e que nunca mais terei. Fogo e Àgua unidos para o meu fim. Vozes que oiço mas que não sei quem me fala. Luz que me afasta como se eu a escuridão fosse.
Tristeza e amargura sem sentido. Mentiras que me cantaram e que dei por serem verdade, como se a mais bela melodia da terra. Batalha sinto que não vou vencer.
Humor de tristeza, misto de disfarce. Fogo que escolhi. Àgua que recolhi da chuva das minhas lágrimas. Força que não tenho. Tristeza que me enfeitiçou.
Que este desepero acabe, pois seguem-me onde vou as minhas máguas, transformadas pela revolta. Dom que é maldição.
Raio de luz ardente e morro. Esquece esperança. Esquece liberdade. Esqueçam todos, que não venço nem mais uma batalha, nem sei porque nela estou.
Pedro Carregal