Tantos são os caminhos em que me posso hoje perder
Que acabo sempre ficando só para não ter de escolher
Tu sabes que essas palavras escritas com tão cuidada letra
Foram-se elas mesmas anulando apagadas pelo pó do dizer
Ou pela minha vaga convicção da mão fraca na caneta
Eu nunca amei aquilo que disse ter amado
Somente errei ao ter-me assim enganado
Sim porque tu certamente sempre soubeste
Sempre conheceste a minha mentira
Então não me peças agora o que nunca tiveste
Ou o que nunca te dei na hora em que frio te beijei
Eu não vou escrever mais uma dessas cartas
Que te diga amo-te e que alguma vez te amei
Pois tu sabes que não seria verdadeira
Poderia até ser a minha derradeira carta
Mas eu nela mentiria como o fiz na primeira
Minha alma tombada na estrada já se farta
E a vida está quebrada quase por inteira
Hoje eu vou apenas ficar
Vou rasgar todos os compromissos que contigo eu assinei
Estou a tentar meu corpo deixar
À sombra do boneco que ontem te dei
Vai andando sem olhar para trás
O que ouves é apenas o eco da voz
De um grito que não quererás ouvir
Ele não chama por ti nem chama por nós
Apenas grita nada importante que te possa importar agora
Apenas imita
Uma alma que chora