Ah, estes meninos,
flor em botão que se deixam cair
no precipício dos sonhos inacabados
que se despedem da vida em tenra idade
E como é difícil consolar
Os corações sofridos dos pais
Com sentimentos de culpa da partida
Sem carta de despedida, sem motivo aparente
Como externar a dor do viver
Em meio a tanto sofrimento?
Porque partem assim os filhos
Deixando-nos mortos em vida?
Ah, a lenta agonia dos pais
Companheiros do despertar
do sol de cada dia,
vendo o leito desfeito
Desde a primeira hora
curtindo o rebento
lutando para que se firme
e seja alguém no mundo
Como o sopro que faz
brotar a vida,
na alegria do nascimento,
pára assim tão de repente?
De todos os momentos vividos
Rompendo as barreiras físicas
é duro perceber a ausência
daqueles que mais amamos
Na hora das trevas,
da solidão implacável
de nosso cotidiano
não podermos estar presentes
No instante em que
mais se precisa
da luz para ajudar
a encontrar o caminho
Oh, Pai, dai força a estes pais
Encorajai para que lutem
e sigam acreditando no amor
que supere esta revolta no coração
O suicídio interrompe uma trajetória
De uma vida inda por viver
De uma busca inda por encontrar
Um salto para uma fuga, mas porquê?
Vá entender as razões do coração
Vá compreender os motivos
dos espíritos atormentados
da juventude atual
Como irmãos em sangue,
como irmãos em alma
possamos orar para que a paz
alcance pais e filhos neste momento cruel.
Que esta queda fatal possa
ser amortecida e amparada
pelos braços de Deus
misericordioso e Pai de todos nós.
AjAraújo, o poeta humanista, reflete sobre o suicídio de um jovem muito querido.