Atravesso a rua
Como quem transpõe
Difícil obstáculo
E delicio-me com
O feito
- “boa esta sensação de estar vivo”
Observo as vitrines
Comparo valores
Entre consumo e poesia
Consola-me a sensação
De alguns versos desvendando
A estatística destruída.
Rolo em escadas deslizantes
Motivado pelo primitivo instinto
De me deixar levar, ir avante.
Arrasto-me, então,
Nos andaimes obscuros
De construções luxuosas
E arrisco um grito
Afônico, qual o olhar
Do vendedor de dicionários,
Que sonhava mudar de vida.