Eram pautas
Desconformes
Pelo amontoado de nomes
Eram números
Bem disformes
Pela sua diferenciação
Eram filas
Enormes
Na procura de seus nomes
Era um falar
Bem de cor
Alinhavado em pronomes
Era um ruído
Ensurdecedor
Quando gritavam “passei”
Eram papéis
Nas vitrinas
Na mostragem dos valores
Eram réstias
De esperança
De quem ficou para trás
Era um movimentar
Ao redor
De tudo o que ali avistei
Eram tonéis
Corredores de aspirinas
Para atenuar tantas dores
Eram imodéstias
De pujança
De quem jamais se desfaz
Eram o prurido
Do pavor
Tal como o sonhei
Era o simples infernizar
Por todo aquele teor
E por onde não deslizei
Era a amargura
Contida
Pelo que não alcancei
Era o rastilho
Sofrido
Pelas páginas que não sei
Eram pautas
Com muitos nomes
Para a gente consultar
Eram resultados
Eram números
De nomes exultados
E outros reprovados
Eram inúmeros
Descontentes
Outros alegres e dementes
E mais números
Prudentes
Talvez inteligentes
Enumerados
Transtornados
Desenquadrados
Mas festejados
Uns passaram
Com satisfação
Outros reprovaram
Cabe-lhes um sermão
Eram pautas
Eram filas
Tocaram flautas
Muitas mochilas
Eram gente
António MR Martins
2010.11.05
António MR Martins
Tem 12 livros editados. O último título "Juízos na noite", colecção Entre Versos, coordenada por Maria Antonieta Oliveira, In-Finita, 2019.
Membro do GPA-Grupo Poético de Aveiro
Sócio n.º 1227 da APE - Associação Portugues...