Deixo a mão pender sobre o silêncio
E os olhos baixarem a âncora no teu mar,
Pois nada mais me resta que esse sonho.
Esse peso sobre mim,
Folha branca a espera de um poema
Sobre a tua escrivaninha.
Calo-me e ouço os sons da tua boca
E a mímica do teu corpo
Traduzido por esses gestos
Que me abarcam a alma inteiramente.
Não me pergunto sobre o amanhã,
Nem sobre as horas seguintes a essa agora.
Não procuro saber o que serei
E nem o que serás no próximo segundo.
Cansei de prever o futuro. Apenas vivo.
E nesse momento te digo convictamente
E num sussurro em teu ouvido:
És como a bruma que passeia
Pela floresta virgem.
És como a chuva que cai ligeira
Depois de prolongado estio.
Frederico Salvo