As hostes estavam em alerta e as leituras iam aumentando calmamente. Nós, no Salão Nobre do Palácio da Quinta da Piedade, trocávamos argumentos com a Dr.ª Roselinda. Umas quantas pessoas já ocupavam as cadeiras disponíveis e seguiam atentamente a tertúlia.
Alguém apontou para o grande ecrã onde todos podiam acompanhar o site on-line. Acabara de acontecer um primeiro comentário, de uma dama, claro, com o nome de Ana Kostov e dizia assim, e cito:
- “Em certa medida, segundo creio, todos tem razão... mas uns mais que outros porque há duas verdades fantásticas, a saber: este texto é demasiado grande para o pessoal pegar nele, ou seja, lê-lo. E a malta é mesmo vaidosa e por isso escreve e partilha.” - Ana Kostov
Após a leitura, em voz alta, pelo velho Jeremias gerou-se um burburinho no salão que ninguém percebeu muito bem se era uma reacção positiva ou negativa ao dito comentário.
O Jeremias aproveitou o uso da palavra para continuar, dirigindo-se a todos.
- Caros amigos, amantes da palavra como eu, é com agrado que reconheço alguém que não teme assumir o que anteriormente já tinha assumido. E isto é, a malta é mesmo vaidosa e por isso escreve e partilha, quer gostem ou não, considero ser uma matéria factual.
- Antes de debatermos essa tese devemos introduzir na conversa um outro comentário que aconteceu. – disse eu.
- Permitam-me que o leia. – assumiu a Manuela e começou a ler.
- “Tenho entrado pouco no Luso, só agora me apercebi desta história. Ora...Porque escrevo? Porque desde miúda sempre gostei de escrever, nessa altura, apenas porque gostava, e tinha brio em não dar erros ortográficos. Cresci e comecei a escrever, com outro prazer. Felicitações, temas de ocasião, nesta fase já escrevia em rima. Hoje, escrevo para libertar a alma, o pensamento, a depressão, a irritabilidade. Para recordar o ontem, imaginar o amanhã, sem que alguém me impeça de sonhar. O sonho é livre. A poesia também.
Portanto, escrevo para ser livre.” – escreveu a luso-poeta Antonieta.
Sem parar, a Manuela fez uma expressão de concórdia e partilhou:
- Direi, antes de mais, que esta intervenção é muito rica e considero que é feita com alguma profundidade. É algo que encaro com muito poético e inteligente. Penso que assumir a escrita na busca da liberdade é, por um lado, terno e por outro, conhecedor. Rico. E são estas partilhas que nos desbravam caminhos e enriquecem a alma.
- Mas quem escreve tem que ler! E porque lê? – questiona, do nada, a Dr.ª Roselinda aumentando o leque do debate.
- Calma! – alerta o velho Jeremias. Calma que a minha experiência avisa-me que existe muito boa gente que só pensa em escrever e quase nunca lê.
- Pois, pois! Por isso muita gente quando vê algum texto grande, em especial na Internet, passa para o seguinte sem o ler. – afirmou o Afonso.
- Se quiserem, mas é necessário algum trabalho de pesquisa, e até pode ser neste site, podemos encontrar muitos textos sem o mínimo de cuidado na ortografia, ou seja, cheio de erros e mesmo assim com comentários. E reforço, com comentários com uma total ausência desses factos, o que é estranho. – avançou o António.
Não havendo oportunidade para fazer no momento a análise, foi então que ficou decidido enviar mais um pequeno texto para o site. Quase num misto de partilha da conversa e na tentativa de uma maior interacção dos lusos on-line.
Não foi preciso esperar muito tempo, e isto porque a simpática e colaborante Antonieta decidiu colocar um segundo comentário:
- “É certo que de um modo geral, quando se abre algo que se pretende ler, atraído ou pelo título, ou pelo autor, ou seja porque motivo for, e se depara com um texto enorme, há logo a ideia de fechar sem ler. Mas também há títulos, há autores, há textos que nos levam a ler, pensar, reflectir, comentar, ou não, mas fica sempre algo dessa leitura.
Quem sabe, até uma ideia para uma próxima escrita, isto para quem gosta de escrever, claro.”
Ao ler este comentário, a Ana, nesse instante pediu a palavra para comentar:
- Concordo em parte com esta intervenção. Há, de facto, alguns autores em que lemos tudo o que encontramos escrito por eles, mas na mesma medida, há outros autores, em que já temos uma ideia preconcebida da sua escrita, que nunca os lemos e até podem colocar imensos textos ou escreverem algo de muito especial que nada acontece! Não vamos lá!
Mas essa é uma velha questão que ninguém a pega.
- Porque vais por esse caminho? – pergunta a Manuela
Intervalo
Esta história está a ser escrita. Está, portanto, em aberto e irá continuar, mas agora é a vez de quem lê ter a palavra… por favor, escrevam o que entenderem partilhar.
Obrigado.
Até já!
Nota: São textos ainda não revistos por serem uma louca e imediata experiência. Grato pela compreensão e pela participação.
Eduardo