Fotografia

Ai!... É triste demais te ver partindo!
Procuro não esboçar a minha emoção.
Mas me dói tanto seus olhos me sorrindo
Que, assim, sorri também meu coração.

Aqui estou, meu amor, na escrivaninha.
Quero relatar minha vivência com você.
Tentarei dissertar nessas poucas linhas
Como foi bonito o nosso amanhecer.

Foi num dia dois, de um doce domingo.
(Isso lá se vai tantos anos!)
Eu fotografava pássaros ciganos,
Borboletas e algumas espécies de lírios...

Deixarei que apenas o meu coração conte
Como foi o nosso encontro primeiro e casual...
Foi no centro de uma cidade, Belo Horizonte,
Perto do lago, dentro do Parque Municipal,

Quando, do nada, te vi aparecer.
Era pouco mais que uma menina.
Vinha num vestido rendado e rosê,
Trazendo nos cabelos uma margarida.

Meu coração pulava de alegria, e, mais que depressa,
Quis entoar mais de uma sinfonia em Dó ou em Ré.
Logo, logo arquitetou uma gigantesca orquestra,
Pois você era mais que uma menina. Era uma mulher!

Tirei de você uma fotografia.
(Estava tão linda com os cabelos presos!)
Gostou tanto que me perguntou a quantia.
Eu te disse que era quase de graça. Apenas um beijo!

É com os olhos umedecidos que trago essa recordação...
Você me achou tão atrevido que resolveu me dar a mão.
Isso nos deu tanto prazer e tanto gosto,
Que quatro meses depois você me deu um beijo no rosto!

Agora te vejo com os cabelos presos e um tanto embranquecidos,
Sentada numa cadeira de rodas, me amando apenas com o olhar,
Que desaba em prantos meu velho e cansado coração, entristecido,
Te vendo se indo, partindo, para nunca mais voltar.