Falam-me de amor...
Falam-me de sonhos,
eu ingénuo nos passos,
ingénuo na vida...
acredito em tudo, acredito em todos,
entrego-me de peito aberto,
e no fundo...
mais um reboliço,
mais uma quimera,
mais uma página rasgada,
no meu diário das mágoas,
como cromo de alguém...
ficam com os meus cromos,
ficam com os meus sonhos,
e eu perco os pesadelos,
perco todas as linhas e todas as palavras,
são elas comidas na desarmonia que dita as ligas da vida,
e eu que não sou de cã,
tenho de levar com estas regras,
de jogos de amores e desamores,
de quem não quer o verdadeiro amor,
e eu que não quero andar nesta teia,
que não quer ser enegrecido nesta podridão de sentimentos,
levo com eles todos,
no chão do meu quarto,
no chão da minha vida,
rasgam-me os sonhos,
rasgam-me a alma,
e nem se importam,
os seus enlaces são atingidos,
os meus enlaces ficam nas brumas de um umbral,
que é o inferno da minha vida,
e começa a ficar cheio de macabros esqueletos,
que começam a matar qualquer vida, e qualquer sentimento,
que de tão puro, ninguém percebe,
e perco-me no meu perder,
perco-me nas tuas palavras,
perco-me nos teus gestos,
e perdi-me.
perdi-me para todo o sempre,
perdi-me agora e sempre...
Ámen.
Alexander the Poet