Que posso eu fazer
Que não seja um poema de gritos
Um poema de medo
Cheio de vergonha
No rubor da minha pele
Que direi eu
Que não sejam loucuras
E revoltas
De poemas e palavras
Como armas de poetas
Que faço eu
Hoje homem ainda menino
Quase escritor ou poeta
Ou talvez louco
Num renegar de palavras
Fosseis vidrados
Para além da vida
Alegrias e ilusões
Que sinto por todo um corpo
Frio e gélido de morte
Que espera calor
Que espera amor
Talvez um dia
Eu escreva com calma
Calmamente talvez
Quando então a fogueira se apagar
E as raízes das plantas sobreviverem
Talvez um dia
Mas hoje não posso