Vivia na torre mais alta de um castelo longínquo uma Princesa esquecida do mundo.
O amor não lhe sorriu na idade viçosa e como uma flor que engelha num galho, foi definhando na espera de quem a havia de levar.
Um dia veio a Morte e ao vê-la assim, tão ingénua e pura no modo de estar, perdidamente se apaixonou e com ela quis casar.
Casaram pois, a Morte feia com a Princesa velha pois o amor é louco , não olha a quem e não poupa ninguém.
O tempo passou e os dois amantes amavam-se com fervor, no alto da sua torre, sem saberem que lá fora o mundo já não era o mesmo.
As pessoas tinham parado de morrer e choravam, tristes e cansadas de viver!
Por todo o lado chamavam a Morte para cumprir o seu dever, mas esta estava cega e surda para qualquer outra coisa que não fosse a sua felicidade e a da sua amada!
E se voltasse a matar alguém, teria que levar a Princesa em primeiro lugar, tão idosa, engelhada e carcomida pelo tempo que ela estava, como o vento rói as pedras até em pó as transformar .
Cruel dilema, chorava a Morte lágrimas sentidas de desgosto e de pesar! Que fazer?
Antes morrer que matar, mas até isso lhe estava vedado pois não podia escolher...
E foi assim que, condenados à vida eterna, os seres deste mundo deixaram de falar, de rir e por fim, de pensar, porque fossem onde fossem, era sempre tudo igual.
Incipit...