No estertor de uma sociedade
Decorridos quase quarenta anos sobre a denominada revolução dos cravos, conclui-se por um lapso de tempo que se aproxima a passos de gazela do tempo de vida do famigerado estado novo. É que ninguém segura o tempo e se o tempo do estado novo foi uma eternidade, igual eternidade decorreu desde a dita revolução, de que se não vê terem emergido resultados que honrem com significativa energia a caminhada deste pais para a modernidade.
Considerando apesar de tudo que a mudança se impunha e que algo de positivo resultou, são tantas as cicatrizes e as equimoses ainda em carne viva vividas pelo nosso povo, que se não nota neste um convincente entoar de loas à governança (sucessivas governanças), que tem conduzido este país. Tem sido flagrante a falta de senso, de previsão de situações, por reconhecimento da nossa efectiva pequenez (já lá vai o tempo do império) a mais que visível ausência de condições para a ostentação de um nível de vida acima das nossas posses, escandalosamente estimulado por Instituições nisso interessadas e com a complacência de plêiades governantes sempre incapazes de verem à distancia. Penso que o facto de sermos um país pequeno não teria nem tem que nos forçar a uma atitude de continua subserviência perante os maiores. O tempo do poder dos grandes está a ser ultrapassado, pelo que não temos que abdicar das nossas responsabilidades num mundo novo e forçosamente mais justo que ao longe se anuncia em que os pequenos terão respeitável lugar, e em que temos que acreditar.
Quero terminar sublinhando que quero acreditar que caminhemos para uma sociedade em que o dinheiro terá apenas a importância que tem e não a inflacionada pelos humanos abutres que ainda enxameiam as sociedades. Estou a pensar na corrupção a todos os níveis e nos ordenados escandalosos que por aí se pagam, quer em Empresas publicas quer privadas. Sim terá que haver forma de estabelecer tectos, de acabar com escândalo. É urgente inventar formas de neutralizar esse tipo de abutres que desempenham funções de responsabilidade muitas vezes em áreas para que não têm competência. Sim acredito que sociedade venha em que o dinheiro não seja endeusado, como tem vindo a ser no sórdido espectáculo a que há muito temos vindo a assistir. Sim, porque ele (o espectáculo)não é só de agora.
Antonius