Poemas : 

A Entrega do Corpo

 
E eis o corpo escornado, caído, derrubado;
Latejam nas têmporas raros sinais vitais;
Sons, se ainda existem, apenas os fricativos;
A pulsação é fraca, some ao toque dos dedos.

Mas, atenção! Um olho acaba de piscar:
É possível extrair mais deste ser exangue,
Mais, mais... e se faltar, um canudo na veia
Fará cumprir o último gole da dívida não paga!

Entregue... enfim, este corpo já sem ânima
Rende-se incondicionalmente, está entregue,
Não mais lutará por viver sonhos antigos,
Não mais demandará um espaço entre os vivos.

Mais um: este corpo está entregue à Terra,
Selam-se as vozes, clamores, necessidades,
Extinguem-se as expectativas vorazes,
Encerram-se as esperanças cúpidas - o fim!

 
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crstopa
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Enviado por Tópico
Sterea
Publicado: 30/10/2010 17:26  Atualizado: 30/10/2010 17:26
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 Re: A Entrega do Corpo
No percurso dos sinais, a fatalidade das cinzas...
que permanece...? Talvez o esquecimento, não aquele a que nos votam, mas aquele que é a salvação da esperança: porquê reconhecer os sinais...? não é melhor desviar o entendimento para a ilusória imortalidade dos corpos..?

Beijo.