Quantas vezes dei por mim a pensar que a nossa geração se fechou num casulo, onde tentamos a todo o custo esconder emoções, caiu em desuso o « bom dia então como vai o vizinho » caminhamos de cabeça baixa, não sei se é uma maneira de não vermos o outro, ou jeito de não nos olharmos a nós próprios.
Começo a deixar cair por terra os meus raciocínios, estou a pontos de os achar caducos e fora de moda. Não nos fechamos em nenhum casulo, adaptamo-nos aos novos tempos, transferimos as nossas necessidades de socialização para a comodidade das nossas casas, ou dos nossos escritórios.
Hoje de manhã ouvi na TSF uma entrevista à qual não liguei, ao ponto de me esquecer da localização do tema em foco, uma junta de freguesia na região de Lisboa criou uma rede social do menssager, onde é dado apoio de saúde a idosos com dificuldades, para tal desloca-se à junta de freguesia uma técnica que fala com esses mesmos idosos, através de uma câmara e de um computador. A reportagem perdeu-se no meu pensamento num mar de outras noticias bem mais mediáticas, e para as quais as minhas prioridades de informação me encaminham.
Ora bem, fingi que a reportagem tinha caído em saco roto, porque ao sentar-me frente ao PC, ela veio átona, não nos fechamos, nem nos amordaçamos, muito menos nos tornamos insensíveis, e as redes sociais como o fecbook são a prova, habituamo-nos a olhar os vizinhos os amigos e conhecidos através de uma tela, sempre pensei que o tipo de relações que a máquina fomenta eram superficiais, sem nenhum atractivo senão o exibicionismo vindo ao de cimo através dos nossos recalcamentos.
Mais uma vez começo a deitar por terra a minha teoria, quando dou por mim a visitar as páginas daqueles com que de alguma maneira tenho afinidade, com a minha quase angustia, ou mesmo uma angustia incomodativa, sempre que essa mesma página se apresenta sem movimento, aí levantam-se um sem numero de questões, que será que aconteceu, estará doente, ficou desempregado e a primeira coisa a cortar é o supérfluo, Internet ainda é considerada supérfluo neste país.
Agora recordo com uma nitidez precisa a voz alegre e bem da disposta da idosa entrevistada na TSF dando graças pelo computador que lhe instalaram em casa e por ter com quem falar das suas maleitas olhando olhos nos olhos, a menina simpática que o senhor presidente da junta tinha contratado para o efeito.
Agora finalmente deixei cair por terra todos os meus raciocínios caducos em relação às novas tecnologias e às relações que elas nos trazem. O mal não está nas máquinas, está nas nossas mentes, perigos existem em qualquer lado, basta estar atento e saber separar o trigo do joio, na Internet ou na vida real.
O Importante é não nos esquecermos quando caminhamos para o trabalho ou para ir compar o pão, de levantar a cabeça, e de dizer bom dia, nem que seja com um olhar.
Que bom seria, que todos os presidentes de junta tivessem dinheiro para adoptar a Internet, como um meio de manter participantes os idosos a seu cargo.
Que bom seria, que num país envelhecido os governantes deste país os vissem como prioridade.
Que bom que é, entrar aqui e saber que vocês existem, que não são fictícios e que estão aí desse lado para me dar os bons dias todas as manhãs.
Antónia Ruivo
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Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.
Duas caras da mesma moeda:
Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...
Nunca é tarde para dizer bom dia.