Poemas : 

O Viés dos Sentidos

 
[Eu deliro, tu deliras...]

Ao longe, um cão na noite
ladra surdos mistérios
para a lua que some na névoa.

Os meus olhos confusos
vêem uma bela égua baia,
insone, solta na vida!

Ela pasteja, calmamente,
a verde grama do canteiro
central da grande avenida.

Eu, cá do alto das estrelas
que sobem no copo de cerveja,
olho, de viés, a égua solitária,

[cavalo da noite eu sou],
e penso na vida... penso
que a vida é mesmo cruel:

ela, sem me deixar falar,
ajeitou os cabelos, e acelerou o carro...
E aquela égua?
Ara, não vi aonde foi...



[Penas do Desterro, 06 de janeiro de 2007]

 
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crstopa
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