Meu amor negro,
Eu não escreverei mais.
Não receberás mais as minhas cartas,
Nem as histórias em que nos inventei
Outrora outros que não nós…
O escrever?
Deixo-o para quem tenha o talento
Que eu sempre sonhei ter.
Esses sonhos acordados
Que desejei para a vida?
Deixo-os para quem não saiba sonhar;
Para quem, cansado de o fazer,
Os torne reais como eu sempre desejei.
Meu amor vazio,
Sem mais delongas
Nem pressas algumas.
Imploro o teu perdão
Sobre a alma minha que levo.
Que eu farto me cansei de fingir!
Perdoa-me pois eu deixo a vida também;
Aqui sobre teus braços revogada,
A irrefutável condição humana
A que sempre foi condenada.
Minha vida;
Entrega-a a quem saiba viver…
Meu amor inexistente;
A minha loucura?
Minha infindável demência?
O que de mais precioso tive!
Deixo-a também…
A quem… não humano;
Não saiba o que é sonhar…
E que seja louco!
Que seja imensamente louco!
Pois minha loucura,
Deixo-a a quem a saiba loucura
E que de mais capacidade que eu!
A saiba converter em genialidade.
Pois meu amor morto;
Que depois de me saber humano
Pus-me; louco! a sonhar…
Fazer da minha vida
Uma genialidade!
Porque eu; homem!
Nem sou génio
Nem tenho amor algum!…