Doce calma, ar, puro, seco,
Lisboa da minha vida,
O resto? Aranha corcomida
Voando tresloucada pelo tecto.
Lisboa das mil varandas a arejar,
Quem te vira assim desprevenido
Diria que o teu indolente rio
É assim tal como uma espécie de mar.
Lisboa do largo tejo sempre igual,
O mesmo mar que vira outras andanças,
De potestades vãs e vãs esperanças,
Escondido pelas ruas ruge o mal.
Foi-te assim concedido o suave clima
Que abranda às almas os loucos intentos
E a luz abunda e abafa os lamentos
A um monótono amanhecer,
Sempre incrível!
Lisboa possível!
Paraíso...
Paraíso possível...