Atravessando caminhos,
E desbravando horizontes.
Vemo-nos por vezes sózinhos,
Andando por vales e montes.
Perdidos no labirinto,
Que é o remoinho da vida.
Muitas vezes já nem sinto,
As dores que faz uma ferida.
Pois vivo anestesiado,
Por todo o mal já sofrido.
Brutas dores, as do passado.
Mau tempo, outrora vivido.
Mal vivido, com ilusões.
De tudo, o que era prometido.
Mas sofrendo as decepções,
Ao ver que nada era cumprido.
Que nunca será esquecido.
Pois dele me tenho lembrado.
Por ser muito tempo sofrido,
Dele me tenho recordado.
A travessia da vida,
Faz-se sempre por etapas.
Faz-se lenta e bem sofrida,
Quando nela, tu derrapas.
Derrapas, tropeças e escorregas.
E tudo de mau prevalece.
Tu chegas a andar ás cegas,
Quando isso acontece.
E ás cegas, tu não consegues,
Fazer bem as travessias.
Pois ás cegas tu prossegues,
Sem veres bem o que fazias.
E há sempre buracos abertos,
Por onde tu tens que seguir.
E mesmo os mais espertos,
Também lá podem cair.
Na travessia da vida,
Tu tens de saber escolher.
E saberes logo á partida,
O melhor modo de viver.
Habituamo-nos a viver,
Uma travessia sofrida.
Tentando sempre fazer,
Mais um pouco por a vida.
Por só vivermos uma vida,
Muito daquilo que fazemos,
É feito sempre de fugida,
E nem sempre é, o que queremos.
Ás vezes, muito mal vivemos.
Esta nossa pobre vida.
Por o pouco que nós temos,
E por a falta de comida.
Fazemos muito do nada.
Quase milagres fazemos.
Da vida quase acabada,
Quase nada nós vivemos.
Por a pobreza somos famosos.
Senhores dos nossos narizes.
Mas vivemos orgulhosos,
E mostramos estar felizes.
Nós vivemos na pobreza.
Mas vivemos com alegria.
E é com grande nobreza,
Que vivemos o dia a dia.
Milagres, nem todos conseguem.
Milagre, é melhor que uma proeza.
No milagre eles prosseguem,
Embora vivendo na pobreza.
Na travessia da vida,
O milagre, é mais um dia.
Numa viagem só de ida.
Milagre que te perdia.
zeninumi 23/8/2007
zeninumi.