Ergue-se a prece divergente
De corpos e lama edificada
Ao céu escarlate e dormente
Da sedenta fuga inventada
Nos caminhos de força e de gente
Que se perdem por tudo ou quase nada
Ergue-se a prece derradeira
Na memória do futuro esquecido
Passo a passo na selva feiticeira
Repousa o ideal assaz ferido
Pela luz da luta e da canseira
Pelo mito fugaz de ser vencido
Ergue-se a fria e indomável vontade
Nos sonhos raros soletrados
Nos anais da selva sem idade
Pela mente dos mêdos massacrados
E o sol nasce na raiva da cidade
E perde-se nos dedos violados
Ergue-se a prece
Todo o resto é o que se esquece
SaidSerra