Esta vida é um fracasso,
Dos sonhos que eu já tive.
Sinto já um certo cansaço,
Porque aqui nada se vive.
Eu sinto que fracassei,
Porque a vida não tem gosto.
Os meus sonhos não alcancei,
E vivo com esse desgosto.
Neste buraco apodreço.
E sinto-me endoidecer.
Tudo o que eu não mereço,
Me está a acontecer.
Isto é um sítio medonho,
Que me faz perder cabelos.
Já faz tempo que não sonho,
E só tenho é pesadelos.
Custa-me a adormecer,
E a barba já não faço.
E logo ao amanhecer,
Sinto a falta de espaço.
A vida não tem sentido,
Ser assim tão mal vivida.
Caminhar estando perdido,
E não vendo a saída.
Eu só sinto que estou vivo,
Porque sinto o coração.
E ele continua activo,
Porque sinto a pulsação.
Até quando este castigo,
Que tão cedo não o largo.
Eu sinto o sabor do perigo,
E é um sabor amargo.
Estando morto não se vive.
E quem vive tem de morrer.
Mas a morte que eu não tive,
É a que estou a viver.
É a chamada morte lenta,
A que eu estou a viver.
E quem ela experimenta,
Tão cedo não quer morrer.
Ao viver a morte lenta,
Aprende-se o que é a vida.
Ao passar tanta tormenta,
Que não era merecida.
Porque a vida é coisa bela,
Que merece ser vivida.
Tem que se saber andar nela,
Para não ficar perdida.
zeninumi 23/8/2007
zeninumi.