Desperto para a manhã grávida
de flores,
o sol reluz e repica nas ondas,
do murmuro silvando em ascensão.
Desço a montanha – precisamos
ouvir a natureza –,
e subo nas falésias de mármore, junto
ao precipício, donde alcanço as aves.
Pássaros migram para outros lugares,
procurando
o alimento e o acasalamento,
para que sua prol persista em nos enaltecer.
Continuando a descer, meu pensamento,
centra-se
noutras conquistas, a serem alcançadas,
até que chego ao areal, na orla do mar.
Aí me banho em plenitude, e vou nas asas,
das ondas cavalo,
com galgos de espuma, a dirigirem-se
para a praia, onde me concentro a horizonte.
No meu passeio, à beira-mar, vou colhendo
conchinhas,
mais os búzios, que têm dentro de si o sopro
destas águas vivas e inquietas.
Ao longe vejo um ponto negro, provavelmente
de um navio,
que navega destinos e traz momentos ímpares,
àqueles que vão de viagem.
A tudo isto observo solenemente, com um sorriso
nos lábios,
que vai abrangendo o areal até às dunas,
repletas de pequenos seres vivos.
Ah, natureza, de meus miles encantos,
és tu a liberdade,
que busco a todo o instante; trazes-me
o rosto de minha amada, em gorjeios de andorinhas.
Jorge Humberto
25/10/10