Puxaste-me para dançar no baile de Verão, a música era acelerada, sempre igual a todas as outras, o ritmo era o mesmo, os casais rodopiavam de um lado para o outro a ouvir as vozes esganiçadas, alguns homens solteirões na frente do palco assistiam com atenção à atuação das respeitosas bailarinas nos seues trajes menores e enquanto tu me rodopiavas pude observar que do lado direito do palco se começavam a juntar fileiras de pessoas já com o intuito de visualizar o fogo mais tarde a cair da ponto sobre o rio, maravilhoso como todos os anos. Quando a música acabou fugi um pouco para longe de ti , não queria que fosses tu que me agarrasses pela cintura e com a cabeça encostada ao meu ombro visses o fogo, não era a teu lado que queria passar aquele momento e portanto só me restava afastar-me, esconder-me entre o povo, tentar envolver-me entre a gente que espera ou a gente que dança sem querer saber.
A meia noite soou nos sinos da capela, o con junto parou de tocar, o povo juntou-se perto do rio, haviam vários casais, juntos lado a lado mas eu, eu permanecia sozinha, encostada a um canto com o rosto posto na água que corria rio abaixo, a lua no seu reflexo, de repente tudo se volveu em toques de tambores e estrelas de mil cores, fogo de artifício. Desde há anos o primeiro fogo de artifício que eu via sozinha...
. façam de conta que eu não estive cá .
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