"Olha amor, está a chover!"
Ele era alto, bastante alto.. mais do que o normal até, com um corpo bem delineado devido ao desporto que praticava.
Ela era (a sua) pequenina, não conseguindo chegar aos seus ombros, mas bonita, despertando os olhares por quem passava.
Passeavam na rua, pelos jardins, de mão dada, e quando ele lhe colocava o braço por cima dos ombros dela e a chegava para ele, ambos riam-se. Era uma boa diferença de altura; mas isso não a impedia de o beijar sempre que queria. Ia a correr, puxando-o pela mão, subia os bancos do jardim, agarrava-o e apaixonadamente beijavam-se.
"Adoro quando fazes isso. Ficas tão linda..." - dizia-lhe ele.
Ambos espontâneos, faziam o que bem lhes apetecia onde e quando quisessem. Era um amor cheio de vontade de se sentir entre os dois, e uma paixão que explodia da própria paixão a cada instante.
Já de noite, corriam pelo jardim; ele fazia-lhe cócegas porque gostava sempre de a ver rir; ela tentava sempre subir para as suas costas, mas em vão se ele não se baixasse ligeiramente; fingiam-se de chateados só para que o outro se aproximasse; e faziam sempre questão, apenas porque o sentiam e queriam, de dizer o quanto se amavam e o quanto gostavam de parecer (e serem) como duas crianças apaixonadas.
Começou a chover e ela escondeu-se debaixo da camisola dele, morder-lhe a barriga e fazendo cócegas com os lábios. Ele destapou-a, agarrou-lhe pelas mãos...
"O que é que estás a fazer? - perguntou-lhe ela.
"Vamos dançar..."
Dançando lentamente, como nos filmes, de olhos fechados, sentindo a chuva percorrendo os seus corpos, ele disse-lhe ao ouvido:
"Amo-te tanto... imagino-nos assim, no mesmo sítio, a chover, daqui a 10 anos, mas tu com o meu apelido."
E foi a última vez que dançaram à chuva...
Dalila