No dia nublado
O sol acanhado
Traz o mormaço
Quietude de domingo
Uma suave brisa
Saldo da chuva
De ontem, bálsamo
Para crônica fadiga
Final de ano se anuncia
Tantas promessas vazias
Quase sempre não cumpridas
Na louca agenda da vida.
Resta sempre esta sensação
De ter vivido na periferia
De cada coisa, de cada átomo
Elétron circundando o núcleo
Olho à frente, ao lado,
Vejo a mesa, com enfado,
De tanta coisa por fazer
De muito por terminar
Ah, como se libertar
Das próprias algemas
Prendem feito rochas
No leito dos rios
Vamos nos lapidando,
Também nos consumindo
Ante o inexorável tempo
Que não perdoa o atraso...
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em outubro de 2010.
Art by Mihai Criste ~ Romanian Surreal Painter: The Kiss of Autumn