Sopra vento... Brisa fria da noite.
Tens o poder de encontrá-lo... O que não posso... E choro.
Toca seu rosto... Mas, devagarzinho.
Não o acordes...
Leva consigo este amor que sinto...
Ardente... Inquieto... Triste.
Triste por não poderes me levar em tuas asas, vento solitário...
Ao encontro de tudo o que mais amo.
Entra vento, por todos os seus poros...
Invade todos os seus sentidos... Levemente.
Põe em sua boca o gosto daquilo que me arde...
Do que não tem vergonha... Do que não mais controlo...
Do gosto que desejo, ardentemente, que sinta em sua boca.
Eis que o pertenço... E tão somente a ele.
Diga-o, vento... Bem baixinho...
Que me encontro perdida no que sinto e desconheço...
E nele, ebulição de tudo o que sinto.
Que tem começo... Mas nunca se comenta se há o fim.
O que não tem vergonha, nem nome, nem nada.
Que me embaraça... Queima-me quão brasa... Faz-me absoluta.
Vai depressa, vento... Brisa fria da noite.
Mas sejas delicada... Como suas palavras em meu ouvido...
Que me invadem, desconsertam e me curam.
Vai... Para que eu possa contentar meu coração...
Com o desejo de ser livre como a ti...
E poder tocá-lo... Penetrá-lo... Senti-lo.
Adentrar sua alma... E nunca mais partir.
Karla Melo
Outubro/2009.
karla.melo66@hotmail.com"Nao tenho ambições nem desejos. Ser poeta nao e uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho." (Fernando Pessoa)