Sujeito Oculto
Os caminhos que me percorrem
Permanecem desconhecidos de mim;
Jamais sei o que me atinge,
Até que me acerte em cheio,
E me deixe assim,
Num estado de pura fragilidade,
Um tremor de carnes lânguidas!
Eu sofro, mas sou pretensioso:
Quando estiveres em outros braços
Serei o sujeito oculto de teus pensamentos,
Serei o definitivo termo de comparação;
E ao fechares os olhos durante o gozo,
Teus lábios mentirão a intensidade do prazer;
É o ardil que inventaste para que o outro
Não me descubra na vagueza de teu olhar.
Neste instante, serás atingida pela certeza
De que essas carícias que tens agora
Erraram os caminhos que te percorrem.
E nada, nenhum ardil te poderá aliviar
Dessa brutal sensação de diferença...
[Penas do Desterro, 31 de agosto de 2004]