Poemas : 

literatura

 
 
...continuo o meu protesto sobre forma de oferta de literatura e não oferta das minhas tentativas,para que entretanto vão lendo,que assim sempre praticam e não será perda de tempo.cá vai,um "bolo":


Pastelaria

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita genteque come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra


Mário Cesariny (1923-2006)


cruz mendes

 
Autor
Alexis
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1137
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
6 pontos
6
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Antónia Ruivo
Publicado: 21/10/2010 21:27  Atualizado: 21/10/2010 21:27
Membro de honra
Usuário desde: 08/12/2008
Localidade: Vila Viçosa
Mensagens: 3855
 Re: literatura
Acho que vem a calhar... não tendo nada contra literatura.

Para curar febres podres
Um doutor se foi chamar,
Que, feitas as cerimónias,
Começou a receitar.

A cada penada sua
O enfermo arrancava um ai.
"Não se assuste (diz o Galeno)
Que inda desta se não vai.

"Ah senhor! (torna o coitado,
Como quem seu fado espreita)
Da moléstia não me assusto,
Assusto-me da receita."

Manuel Maria Barbosa Du Bocagem




Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/10/2010 11:03  Atualizado: 22/10/2010 11:03
 Re: literatura
Lê-te Alexandra. Faz como eu.

quem sou eu?

Sou um universo de cansaços
De penas e pedaços
Abraços, embaraços,
Sou pequena
Sou anã,
Um micróbio duma estrela
Uma partícula daquela
Que um dia já foi Sol.
E
Num estilhaço de poema
Uma só, gota de mel.
Sou bicho pequeno
Num monstro vivendo
Com sal nas entranhas
E fel no olhar.
E sou bruxa má
E príncipe encantado
No seu cavalo alado.
Sou pulga irrequieta,
Mosca indiscreta,
Chave secreta,
Sol da manhã.
Sou feiticeira da lua
Normal noite escura
Na calma aparente
De ser-se pagã.
Sou mãe de meus sonhos
Filha de sonos
Em ondas discretas
De ser talismã.
E sou alma mortal
Juízo final
À face da terra.
Sou coisa fatal
Conformada, afinal,
Sou Eva-maçã
Que nunca existiu
E ponto final.



Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/ne ... oryid=61258#ixzz135IKknkO

Beijo azul